Thursday, March 02, 2006

O Segundo Mundo

A capacidade de imaginar leva-me a um outro mundo: ao mundo dos sonhos. Mundo este que tem tudo para ser perfeito, o mundo que somos nós que construímos, que só entra quem nós queremos, e acima de tudo é repleto de magia. No entanto é um mundo difícil de manter e não sei até que ponto é mesmo compatível com o mundo real. A dificuldade em alimentar este mundo vai (supostamente) aumentando à medida que aumenta também a idade. Obviamente que não são só as crianças que podem sonhar, mas é um facto que, à medida que os anos vão passando, há uma maior probabilidade de aumentarem as desilusões. Apercebemo-nos que existe uma realidade, que está muito longe do mundo que mentalmente construímos, e que apesar de não a termos escolhido, temos que nos adaptar e aprender a lidar com ela. Há no entanto vidas cuja realidade é demasiado cruel e mata qualquer sonho, qualquer brilho nos olhos quando se tem um olhar distante… E a aptidão de imaginar, torna-se ainda mais dolorosa, porque os sonhos transformam-se em pesadelos. Será que tem mesmo de ser assim? Não deveria ser ilegal alguém, ou algo, arrancar de um ser humano a capacidade de pensar no futuro com um sorriso, ou ir no metro, numa viagem nojenta com um monte de pessoas desconhecidas à volta, com cheiros que são tudo menos agradáveis, e mesmo assim conseguir refugiar-se no mundo por nós criado e simplesmente fugir? Como é que é possível uma pessoa desiludir-se tanto com a realidade a ponto de já nem conseguir fugir dela porque lhe destruíram os meios para tal? Quem tem o direito de destruir esses meios? Não sei o que é considerado mais saudável: se viver em completa aceitação da realidade e conformismo com o que esta oferece, se fugir dela por alguns momentos e pensar que um dia tudo pode ser melhor… Mas sei que tenho saudades de sonhar…


"Na terra dos sonhos, podes ser quem tu és, ninguém te leva a mal
Na terra dos sonhos toda a gente trata a gente toda por igual
Na terra dos sonhos não há pó nas entrelinhas, ninguém se pode enganar
Abre bem os olhos, escuta bem o coração, se é que queres ir para lá morar."