Friday, April 17, 2009

O Décimo Mundo

O fim do mundo….de quem parte.
Sabemos à partida que todos os seres vivos um dia deixarão de o ser. Sabemos que a partir do momento que nascemos, a qualquer momento podemos morrer. Também temos uma certa noção de que as pessoas de quem gostamos não são imortais - mas tentamos ao máximo evitar esta realidade. Chega a ser mais fácil reflectirmos sobre a nossa própria morte de que a de alguém querido. Mas no fundo…todos sabemos…tudo tem um fim! E, na minha opinião, devemos ter mesmo consciência disto. Acredito que muitas pessoas desperdiçam tempo precioso em mesquinhices e futilidades, que não preenchem minimamente a satisfação de viver, por não se consciencializarem que a nossa passagem por cá pode ser mesmo muito curta. Cada dia que acordamos é mais um dia em que nos devemos sentir gratos, se não o sentirmos é porque não estamos a viver plenamente - e não há qualquer felicidade nisso. Se valorizarmos todos os dias da nossa existência, com certeza que iremos preencher todos eles da melhor forma. Nem que seja só uma hora de tempo de qualidade….só um sorriso…já valeu a pena!
Quanto ao perdermos alguém de quem gostamos…dói só de pensar nisso. Mas dói muito mais sentir remorsos por não ter dito, feito, acompanhado … esse alguém em vida. Se tivermos consciência de que quem nos rodeia não é eterno e considerarmos cada dia com essa pessoa como mais um dia especial, em que nos é concedido mais tempo de partilha…seremos mais entregues e menos defensivos. Obviamente que ficaremos tristes com a sua partida, com um vazio enorme no peito que ninguém conseguirá preencher, com uma angústia brutal por ela nunca mais voltar a estar ao nosso lado…mas também ficaremos com as memórias mais doces e valiosas, que farão desse ser tão querido, um ser imortal dentro de nós…sem mágoas ou remorsos. Inibimo-nos tantas vezes de dar o abraço que apetece dar….de dizer “gosto muito de ti” quando se apodera de nós o sentimento de carinho…porquê?! Que medo é este de dar a conhecer os nossos sentimentos? É educacional? É instintivo? É social? Não sei… O meu objectivo é perder este condicionamento e abraçar, beijar, declarar-me…ao namorado, à família, aos amigos, aos companheiros animais, à natureza…o que seja! Mas mostrar que gosto quando gosto…enquanto posso gostar…enquanto eu estou… e vocês estão. Porque nada é eterno. Porque se tiver alguma consciência antes de partir, quero fazer um “rewind” ao meu percurso e não ficar triste por chegar ao fim, mas sim orgulhosa por não ter sido em vão, com a esperança de ter construindo uma existência verdadeira, plena, intensa, consciente, repleta de paz interior.


“But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today
Who wants to live forever?
Forever is our today”

Brian May