Saturday, September 10, 2011

O Décimo Quinto Mundo

O fim do mundo… sem fim! Após uns longos trinta anos de existência, constata-se que “isto” é um ciclo. Já muitos filósofos, historiadores, indivíduos das mais variadas áreas, ou sem áreas, o fizeram. Não é propriamente uma novidade. O traumático da constatação é que é minha. Um “filho da mãe” de um ciclo! A teoria evolutiva é muito credível, aliás, está altamente comprovada e, na minha opinião, é irrefutável. O problema que se coloca é que num espaço de, com muito optimismo, 80 anos, é difícil evoluir de forma a quebrar o ciclo. Existe uma evolução gradual. Mas, em escala, teria de viver até aos 160 anos para conseguir completá-la (uma estimativa grosseira). Como é que é possível passar uma vida a andar em círculos? Está tudo na nossa mente: o controlo do mundo que nos rodeia – podemos dar ou retirar importância ao que quisermos, somos dotados de liberdade de acção – nós somos o que conseguirmos que a nossa mente atinja. Não percebo porque é que não atinge mais. Está sempre quase lá, mas depois volta atrás.


I could easily start pointing fingers
Since the blame is mine it always lingers
That the truth it lies in my reflection
Though this can't go on there's no question

Well I know
That my world is coming down

I know
I'm the one that brought it down

Type O Negative - World Coming Down

Tuesday, September 22, 2009

O Décimo Quarto Mundo

O fim do mundo… altruísta. Será mesmo assim? Devemos mesmo ser a prioridade de nós próprios? O que distingue isso do egoísmo? Até que ponto eu pensar primeiro no meu bem-estar, na minha paz de espírito, na minha satisfação…até que ponto isso não é egoísmo? Se o for, então o egoísmo afinal….é positivo? Nesse caso, é estranho que o adjectivo “egoísta” tenha adquirido uma conotação tão negativa….É difícil pensar em mim como egoísta…será que sou? É desmontar todos os meus pressupostos e construir-me outra vez. Porque sim, tenho de admitir, quero ser feliz, quero rodear-me ao máximo de coisas positivas, quero lutar por mim… e no entanto sei que há pessoas no mundo que estão em sofrimento… mas quero ser feliz na mesma….isto é o quê?
Também quero que essas pessoas sejam felizes…penso nisso e tento transmitir sentimentos positivos… isso chega?
È claro que ajudo, contribuo, dou de mim, mas não consigo abdicar totalmente da minha vida para o fazer… É triste e difícil ser realista a este ponto…
Há sempre aquelas pessoas que são excepção…são pessoas que escolhemos para partilhar a nossa existência e, como tal, quando pensamos na nossa felicidade, elas estão inteiramente incluídas. Há casos em que existe mesmo uma relação directa – uma é consequência da outra. Digamos que o bem-estar de quem amamos é uma variável independente nesta análise.
Pensando nesta questão, o altruísmo não faz muito sentido, porque quem dedica a sua vida aos outros é, provavelmente, feliz assim. Logo, está a fazer aquilo que lhe dá prazer. Quando ajudo alguém, isso faz-me sentir bem, preenche-me…estou a ser altruísta por ajudar, ou egoísta por me realizar?
Podemos sempre pensar que se estivermos realmente felizes, fazemos mais alguém feliz…contribuímos para um mundo melhor. Se cada um de nós pensasse em si e tivesse coragem de lutar pela sua vida, pelo que o realiza, sem medo de comentários, desaprovações e represálias… se cada pessoa fosse realmente feliz com as suas opções, certamente esta sociedade era mais funcional, pelo menos não existiriam frustrados a tentar arruinar a vida alheia… chegaríamos à velha teoria em que a satisfação individual é um bem comum.
Talvez seja esse mundo ideal! Cada um ser a prioridade de si mesmo…
Seja como for, o respeito pelo próximo é sem dúvida essencial. Como é óbvio não equaciono, muito menos comento, a atitude de menosprezar e passar por cima dos outros para se obter o que quer que seja…não é disso que se trata. Todo este processo de “questionamento” mantém os limites bem distintos entre “pseudo-egoísmo” e ruindade.


"THE Starlight
I will be chasing a starlight
Until the end of my life
I don't know if it's worth it anymore..."

Monday, July 27, 2009

O Décimo Terceiro Mundo

O fim do mundo ideal…O mundo ideal é tão subjectivo como qualquer outra coisa que exista. Tudo o que se vive, por mais universal que seja, é vivido e sentido de maneira diferente por cada ser humano. Por isso somos seres independentes e capacitados para vivermos e construirmos o nosso caminho. O conceito de mundo ideal é então restringido para “o nosso pequenino mundo ideal”. E nesse cantinho minúsculo que é o nosso mundo….somos nós que mandamos! - Pelo menos no que respeita aos ideais, aos valores, aos objectivos e às ambições. Já as concretizações, por muito que dependam essencialmente de nós…temos de ter a humildade de aceitar que existem factores que por vezes nos ultrapassam.
Na imensidão que é este universo, com todos os condicionamentos internos e externos, com a luta por sermos verdadeiros (principalmente connosco), com toda a influência natural e estrutural…a única autonomia que temos é a percepção de como queremos conduzir o nosso curto percurso neste espaço - quais as prioridades, as escolhas, as energias que queremos alimentar… Com a pequena parcela de espaço que nos concederam (que pertence ao imenso cosmos), temos tempo suficiente para aprender, crescer, errar e acertar (desde que realmente o queiramos), mas somos nós que decidimos como e quando o fazer. Podemos partilhar e pedir ajuda, mas nós escolhemos com e a quem. Basicamente, não temos grande poder sobre toda a realidade, mas temos todo o poder sobre a nossa. O que remete para a noção de respeito pela realidade alheia. Se tudo é tão subjectivo, se somos todos seres física e espiritualmente diferentes, como é que é possível haver quem queira, que os outros vivam a vida, da maneira que esse alguém acha mais apropriado?! Esse domínio não existe. Essa universalidade de princípios e ideais não existe. O que é melhor para nós pode não o ser para quem está ao nosso lado. Resta então dar força e apoio para que corra tudo pelo melhor e acreditar que cada um tem a clareza de saber o que é melhor para si, e mesmo que não a tenha, terá a sua oportunidade de ir aprendendo. Será então um mundo mais próximo do ideal quando cada um respeitar o “mundo ideal” de cada um. Será assim tão utópico?

Wednesday, June 24, 2009

O Décimo Segundo Mundo

O fim do mundo pré-concebido! Qualquer projecção do que seria a minha vida futura…de como seria a minha relação com as pessoas, quer a nível profissional quer pessoal, a imagem exterior, a opinião que teriam de mim…não existe!
O meu mundo tal como um dia o criei, não existe!
Essa projecção foi destruída ao longo do tempo, de tal forma, que nem parece mais corresponder à mesma pessoa. Passar pelo processo de reconstrução não é tão fácil como apregoam…não basta ler livros de auto-estima e psicologia imediata. Basicamente é “só” preciso sentir…sentir a revolta, a tristeza, a aceitação, a mudança… tudo o resto segue o seu caminho natural…primeiro a destruição e muito lentamente a reconstrução, deixando fluir os sentimentos negativos e positivos, que logo encontrarão a sua ordem natural, sem pressões e ansiedades. Basta sermos honestos com o que sentimos e termos coragem de o assumir. Aos poucos tudo começa a fazer sentido! O mundo mágico e utópico das fadas e princesas perfeitas desaparece, dando lugar ao mundo real das pequenas “magias” do dia a dia – um sorriso, um passeio, um momento, um abraço, uma criança…
Se eu sou aquilo que gostava de ser? Sou o que sou. Consciente de todos os defeitos e receptiva à aprendizagem e à evolução. Projectar qualquer outra imagem de mim seria não estar satisfeita com o construí, não ter orgulho na luta diária (umas vezes com sucesso outras uma verdadeira desgraça) exercida durante 28 anos de existência…seria estar imensamente frustrada com o mundo que me rodeia e isso não estou, porque apesar de todas as lamentações…tenho tudo o que preciso! As escolhas que fiz justificam o que sou: nem melhor nem pior que qualquer outra pessoa – apenas humana… sem poderes, sem varinha mágica, sem imortalidade…
Mais do que aceitar tudo o que somos/temos, é estarmos gratos por isso. Não podemos ficar presos a expectativas e sonhos frustrados deixando que a felicidade pessoal dependa da sua concretização. Quando conseguimos ser verdadeiramente gratos ao que a realidade nos oferece, a velha perspectiva do que é necessário para ser feliz é positivamente alterada, tornando-se óbvio que não é necessário nenhum euro milhões, nenhuma Cláudia Schiffer, nenhum carro topo de gama…O que poderá ser a imperfeição do real torna-se no nosso mundo perfeito.
A realidade humana resume-se à evolução - uma constante mutação sem previsões concretas…Sem pré-concepções!


”Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo”

Jorge Palma

Wednesday, May 27, 2009

O Décimo Primeiro Mundo

O fim do mundo dos metaleiros…
Este fim-de-semana, numa abordagem sociológica não oficial, estive em contacto com representantes da nova geração que me elucidaram sobre a nova dinâmica das chamadas “tribos urbanas”.

O estilo dominante passa a ser o estilo “chunga”. Diferente do que era o “chunga” dos meus tempos (que seria uma espécie de metaleiros sem muitas mariquices), o actual “chunga” distingue-se pelos adereços em ouro (brincos, piercings, fios e pulseiras), calças descaídas nos homens e justas nas mulheres, ténis, cabelo com trancinhas ou, nas mulheres, todo esticado para trás com a maior quantidade de molas possível. Passeiam-se com os telemóveis a emitir sonoramente kizomba e funananá numa estranha tentativa de impor respeito/medo a quem lhes cruza caminho. Eu antes de conhecer esta denominação chamava-lhes “cristinanos ronaldos”, mas parece que não é tão básico quanto isso…há toda uma cultura “chunga” a respeitar.

A par deste fenómeno, aparece também o “emo” (que deriva de “emocional”). O “emo” caracteriza-se pelas longas franjas a tapar os olhos, vestes maioritariamente pretas, calças justas, ténis, imagens de bonecos a preto e branco com pormenores vermelho sangue, xadrez vermelho, caveiras e olhos pintados de preto tanto nos homens como nas mulheres. Parece-me uma metamorfose do estilo “core” e “gótico”, mas com uma variante musical muito diferente: Tokio Hotel, My Chemical Romance… Andam sempre tristes e, segundo a fonte inquirida, cortam-se.

Em menor escala existem ainda os “surfistas”, numa versão meio “amorangada”, com as franjas louras nos olhos, mas que não se sabe se já foram ao mar… E continuam a existir os coerentes “betos”, iguais ao que sempre foram, sendo agora as principais vítimas dos “chungas”.

Quando eu pergunto: “então e metaleiros?”
A resposta foi: “o que é isso?”

… (ahhhhhh! the pain!!!) …

Depois de respirar fundo retomei: “não há ninguém de botas tipo…da tropa?!”
Resposta: “não!”
Nova tentativa: “ a ouvir música com bastante bateria e guitarra…t-shirts de bandas com gadelhudos…”
Nada!
Nem aprofundei mais...

Será que é igual na Austrália? Qual será lá o preço das creches? :P

Friday, April 17, 2009

O Décimo Mundo

O fim do mundo….de quem parte.
Sabemos à partida que todos os seres vivos um dia deixarão de o ser. Sabemos que a partir do momento que nascemos, a qualquer momento podemos morrer. Também temos uma certa noção de que as pessoas de quem gostamos não são imortais - mas tentamos ao máximo evitar esta realidade. Chega a ser mais fácil reflectirmos sobre a nossa própria morte de que a de alguém querido. Mas no fundo…todos sabemos…tudo tem um fim! E, na minha opinião, devemos ter mesmo consciência disto. Acredito que muitas pessoas desperdiçam tempo precioso em mesquinhices e futilidades, que não preenchem minimamente a satisfação de viver, por não se consciencializarem que a nossa passagem por cá pode ser mesmo muito curta. Cada dia que acordamos é mais um dia em que nos devemos sentir gratos, se não o sentirmos é porque não estamos a viver plenamente - e não há qualquer felicidade nisso. Se valorizarmos todos os dias da nossa existência, com certeza que iremos preencher todos eles da melhor forma. Nem que seja só uma hora de tempo de qualidade….só um sorriso…já valeu a pena!
Quanto ao perdermos alguém de quem gostamos…dói só de pensar nisso. Mas dói muito mais sentir remorsos por não ter dito, feito, acompanhado … esse alguém em vida. Se tivermos consciência de que quem nos rodeia não é eterno e considerarmos cada dia com essa pessoa como mais um dia especial, em que nos é concedido mais tempo de partilha…seremos mais entregues e menos defensivos. Obviamente que ficaremos tristes com a sua partida, com um vazio enorme no peito que ninguém conseguirá preencher, com uma angústia brutal por ela nunca mais voltar a estar ao nosso lado…mas também ficaremos com as memórias mais doces e valiosas, que farão desse ser tão querido, um ser imortal dentro de nós…sem mágoas ou remorsos. Inibimo-nos tantas vezes de dar o abraço que apetece dar….de dizer “gosto muito de ti” quando se apodera de nós o sentimento de carinho…porquê?! Que medo é este de dar a conhecer os nossos sentimentos? É educacional? É instintivo? É social? Não sei… O meu objectivo é perder este condicionamento e abraçar, beijar, declarar-me…ao namorado, à família, aos amigos, aos companheiros animais, à natureza…o que seja! Mas mostrar que gosto quando gosto…enquanto posso gostar…enquanto eu estou… e vocês estão. Porque nada é eterno. Porque se tiver alguma consciência antes de partir, quero fazer um “rewind” ao meu percurso e não ficar triste por chegar ao fim, mas sim orgulhosa por não ter sido em vão, com a esperança de ter construindo uma existência verdadeira, plena, intensa, consciente, repleta de paz interior.


“But touch my tears with your lips
Touch my world with your fingertips
And we can have forever
And we can love forever
Forever is our today
Who wants to live forever?
Forever is our today”

Brian May

Monday, March 02, 2009

O Nono Mundo

O fim do mundo do medo…um dos elementos mais presentes na nossa vida. Será o medo um elemento encorajador, no sentido de “se tenho medo que isto aconteça então vou-me precaver e agir com consciência”, ou será um elemento inibidor do género “se tenho medo da consequência de determinada acção, então não a pratico”. Sendo impossível contornar a sua existência, resta procurar o ponto de equilíbrio que nos permita coexistir com um sentimento tão poderoso. A meu ver existem três tipos de medo: o medo racional, que é legítimo, e em geral de resolução rápida como por exemplo ser abordado por um assaltante e sentir medo de que para além da carteira, levem algo mais importante e insubstituível…. (no mínimo a saúde!), o medo de ser atropelado quando um carro vem na nossa direcção…são situações reais e momentâneas onde se justifica inteiramente sentir o coração a bater mais depressa, subir o nível de ansiedade e agir de acordo com o grau do sentimento sofrido. Contudo, e apresar da sua legitimidade, será um medo menos racional quando, por ocorrerem determinados casos isolados, se criam traumas e generalizações que imobilizem a acção contribuindo para o desenvolvimento de um estado de ansiedade que irá interferir no dia a dia de quem os sofre. Pode parecer muito geral este ponto de vista, mas a verdade é que na maioria da vivência de cada um, existem medos que se tornam verdadeiros castradores da paz de espírito. Este segundo tipo de medo será menos racional, menos imediato e caso não seja travado, poderá mesmo tornar-se num trauma ou fobia crónica. A solução passa por tentar identificar a fonte destes medos e enfrentá-los desmistificando a sua permanência.
Por último, reconheço também o medo “emocional”: completamente abstracto, alimentado pelo nosso “ego”, cuja origem e o motivo são tão diversificados quanto o número de seres humanos existentes (cada um tem o seu). Os mais comuns serão talvez o medo de decepcionar quem gostamos, medo de ser injusto, medo de ser ingénuo, medo de magoar, medo de ser magoado, medo de ser esquecido, medo de perder o que se tem, medo de não conseguir o que se deseja… basicamente, medo de sentir!
Com medo de sentir, seja o que for, não usufruímos nem de um terço da magia que é a vida. Com medo de sofrer, adoptamos uma postura defensiva e fechamo-nos quer a nós próprios quer aos outros. Esse sentimento arrasta-se para uma frustração provocada por relacionamentos pessoais e sociais condicionados. Podemos então concluir que, ao alimentar o medo de sofrer, sofre-se na mesma. Logo, já que acabaremos por sofrer de algum modo, pelo menos que permitamos a nós próprios ter alguns momentos de felicidade, sem receios e condicionamentos. Se depois a consequência dessa felicidade momentânea for o sofrimento, cá estaremos – sem medo!
Será assim tão impossível e insano, entregarmo-nos completamente à vida e viver sem medo do amanhã? Posso dizer que, quando o fiz e pesando as consequências das minhas opções, compensa de longe arriscar sem medo! Depois…logo se vê! Mas os momentos de felicidade e realização pessoal ninguém os tira!

Tudo o resto que se receia: fantasmas, demónios, ..., deixo o comentário abaixo!

"Watching horror films the night before
Debating witches and folklore
The unknown troubles on your mind
Maybe your mind is playing tricks
You sense, and suddenly eyes fix
On dancing shadows from behind
Fear of the dark, fear of the dark
I have constant fear that something's always near
Fear of the dark, fear of the dark
I have a phobia that someone's always there

When I'm walking a dark road
I am the man who walks alone"

Iron Maiden