Monday, March 02, 2009

O Nono Mundo

O fim do mundo do medo…um dos elementos mais presentes na nossa vida. Será o medo um elemento encorajador, no sentido de “se tenho medo que isto aconteça então vou-me precaver e agir com consciência”, ou será um elemento inibidor do género “se tenho medo da consequência de determinada acção, então não a pratico”. Sendo impossível contornar a sua existência, resta procurar o ponto de equilíbrio que nos permita coexistir com um sentimento tão poderoso. A meu ver existem três tipos de medo: o medo racional, que é legítimo, e em geral de resolução rápida como por exemplo ser abordado por um assaltante e sentir medo de que para além da carteira, levem algo mais importante e insubstituível…. (no mínimo a saúde!), o medo de ser atropelado quando um carro vem na nossa direcção…são situações reais e momentâneas onde se justifica inteiramente sentir o coração a bater mais depressa, subir o nível de ansiedade e agir de acordo com o grau do sentimento sofrido. Contudo, e apresar da sua legitimidade, será um medo menos racional quando, por ocorrerem determinados casos isolados, se criam traumas e generalizações que imobilizem a acção contribuindo para o desenvolvimento de um estado de ansiedade que irá interferir no dia a dia de quem os sofre. Pode parecer muito geral este ponto de vista, mas a verdade é que na maioria da vivência de cada um, existem medos que se tornam verdadeiros castradores da paz de espírito. Este segundo tipo de medo será menos racional, menos imediato e caso não seja travado, poderá mesmo tornar-se num trauma ou fobia crónica. A solução passa por tentar identificar a fonte destes medos e enfrentá-los desmistificando a sua permanência.
Por último, reconheço também o medo “emocional”: completamente abstracto, alimentado pelo nosso “ego”, cuja origem e o motivo são tão diversificados quanto o número de seres humanos existentes (cada um tem o seu). Os mais comuns serão talvez o medo de decepcionar quem gostamos, medo de ser injusto, medo de ser ingénuo, medo de magoar, medo de ser magoado, medo de ser esquecido, medo de perder o que se tem, medo de não conseguir o que se deseja… basicamente, medo de sentir!
Com medo de sentir, seja o que for, não usufruímos nem de um terço da magia que é a vida. Com medo de sofrer, adoptamos uma postura defensiva e fechamo-nos quer a nós próprios quer aos outros. Esse sentimento arrasta-se para uma frustração provocada por relacionamentos pessoais e sociais condicionados. Podemos então concluir que, ao alimentar o medo de sofrer, sofre-se na mesma. Logo, já que acabaremos por sofrer de algum modo, pelo menos que permitamos a nós próprios ter alguns momentos de felicidade, sem receios e condicionamentos. Se depois a consequência dessa felicidade momentânea for o sofrimento, cá estaremos – sem medo!
Será assim tão impossível e insano, entregarmo-nos completamente à vida e viver sem medo do amanhã? Posso dizer que, quando o fiz e pesando as consequências das minhas opções, compensa de longe arriscar sem medo! Depois…logo se vê! Mas os momentos de felicidade e realização pessoal ninguém os tira!

Tudo o resto que se receia: fantasmas, demónios, ..., deixo o comentário abaixo!

"Watching horror films the night before
Debating witches and folklore
The unknown troubles on your mind
Maybe your mind is playing tricks
You sense, and suddenly eyes fix
On dancing shadows from behind
Fear of the dark, fear of the dark
I have constant fear that something's always near
Fear of the dark, fear of the dark
I have a phobia that someone's always there

When I'm walking a dark road
I am the man who walks alone"

Iron Maiden

8 Comments:

Anonymous Anonymous said...

O meu maior medo é nunca mais recuperar o que perdi por causa do medo...

12:37 AM  
Anonymous Anonymous said...

Nunca tinha pensado nisso, mas realmente todos os dias sinto medo de alguma coisa.Ou um medo, como dizes, mais imediato ou medos emocionais. mas todos os dias vivo com esse sentimento...que pânico!Vou ali atrofiar um bocado com isto, já digo mais qualquer coisa.
Bjs

12:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

O medo é uma ilusão...
O meu maior medo é ter consciência do medo e ter um papel passivo face a isso...

3:07 AM  
Anonymous Anonymous said...

Vinha com a moral de fazer um comentario a dizer que eu nao tenho medo de nada.Mas entre o pensar e o fazer fui tomado pela consciência.Apercebi-me que tenho medo de admitir que tenho medo.
Rebentas com a cabeça a um gajo.. ;)
Entretanto ya, curte-se iron e nao se pensa muito nisso! No Fear!

5:24 AM  
Anonymous Anonymous said...

Tu tas lá!
Quando chegares ao décimo mundo já podes escrever um livro! ;)
Estou na Sombra mas vejo tudo! ehehe
Bjocas
Emmah

3:52 PM  
Anonymous Anonymous said...

E que o fim dos mundos nunca tenha fim.É muito bom ler os teus mundos e saber o que te vai na alma.E já percebi que tens uma alma pura e com muito para dar.
continua a partilhar.
Beijos...

6:47 AM  
Anonymous Anonymous said...

O medo... justifica muita coisa... mas por vezes serve apenas de máscara para tantas outras....
Será o medo benéfico ou maléfico? Depende da perspectiva depende de que lado do arco íris te encontras... No entanto, creio que não devemos ter medo de sentir medo, porque uma vez ultrapassado (e pode levar a muitas tentativas consecutivas sem sucesso) deixa em nós uma pequena gota de esperança e de coragem ... Afinal não somos assim tão fracos!!... Fraco é aquele que não reconhece as suas próprias fraquezas apenas as de outrém. Mas concordo contigo aqueles momentos em que agimos sem medo (de pancada como costumo dizer) sem pensar em prós e contras são aqueles que nos dão um puro momento de felicidade, de verdadeira existência! Costumo chamar a esses momentos pensar com o coração.... porque se ouvirmos bem esse nosso pequeno grande órgão vital, bem lá no fundo a chamar por nós ele sabe SEMPRE! o que devemos fazer, qual o caminho a seguir...
Mas já me estou alongar!
Quero só relembrar que quando sentires medo seja do que for estaremos aqui.
Bjks. (10.03.2009)

11:13 AM  
Anonymous Anonymous said...

Sim, o medo é sem dúvida castrador da acção, mas também é o elemento que nos faz pensar 2 vezes e racionalizar essa mesma acção.Talvez seja bom termos uma pequena dose de medo porque nos dará consciência dos riscos.
Como os mais velhos costumam dizer: "a juventude já perdeu a vergonha, se perde também o medo..."
Tudo faz parte de nós, é só não deixarmos que as emoções negativas dominem as positivas.
É bom saber que ainda há quem questione as evidências que afinal não são assim tão evidentes.Só assim se trabalha o crescimento interior e não vivemos como máquinas neste mundo pré-fabricado.
Parabéns pelo blog e obrigado por nos fazeres pensar!
Bjs
N

8:53 AM  

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